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Atlas da violência. Ceará tem três municípios entre os mais violentos do País

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O Ceará tem três representantes na lista dos 20 municípios com maiores taxas de homicídio do País do Atlas da Violência — Retratos dos Municípios Brasileiros, divulgado ontem, 5. O Estado só tem menos municípios nesse ranking que a Bahia, que tem cinco cidades, e Pará, com quatro cidades, aponta o levantamento, que tem como base o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde (MS).

Os números são referentes ao ano de 2017. De acordo com os dados mais recentes da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o Estado registra redução no número de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) desde abril de 2018. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, Fortaleza registra diminuição há 16 meses seguidos.

No Atlas da Violência, as cidades do Estado entre as 20 mais violentas estão na Região Metropolitana: Maracanaú, Fortaleza e Caucaia. O levantamento leva em consideração apenas cidades com mais de 100 mil habitantes. Nessa categoria, Maracanaú figura com a maior taxa estimada de homicídios do País. Foram contabilizados 328 homicídios, o que resultou em uma taxa de 145,7 homicídios a cada 100 mil habitantes. Em seguida vem Altamira (PA), com taxa de 131,2; São Gonçalo do Amarante (RN), com 131,2; Simões Filho (BA), com 119,9; e Queimados (RJ), com 115,6.

Caucaia se encontra na 11ª posição, com estimativa de 96,6 homicídios por 100 mil habitantes. Já Fortaleza, em 16ª colocação, com 87,9. Fortaleza, porém, é a capital com o maior número de homicídios registrados em 2017. A capital cearense fica à frente Rio Branco (85,3) e Belém (74,3). Quando contemplados, porém, também os municípios com menos de 100 mil habitantes, Pacajus, também na RMF, toma a dianteira estadual. Com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 70.911 habitantes, o município teve registrados 107 homicídios, resultando em uma taxa 151 homicídios por 100 mil habitantes.

No relatório do estudo, o Atlas da Violência aponta haver um aumento “abrupto” da dispersão das taxas entre os municípios após 2015. Entre as razões elencadas, está o crescimento no número de mortes em vários municípios ao longo da rota do Rio Solimões, na disputa pelo controle do tráfico de drogas. O estudo destaca que as regiões Norte e Nordeste concentram 18 das 20 cidades mais violentas entre aquelas com mais de 100 mil habitantes.

Comentando sobre as taxas de homicídio do Ceará, o Atlas destaca que quatro facções predominam no Estado. O estudo destaca porém que a rivalidade foi “temporariamente suspensa” a partir de janeiro de 2019, como reação à nova administração dos presídios. “Tal ação, que poderia redundar em um banho de sangue, gerou um resultado inesperado, em termos do armistício proposto entre os grupos criminosos, o que pode ocasionar uma forte redução dos homicídios no estado, pelo menos enquanto durar a trégua, que é sempre instável”.

Em nota, a SSPDS citou diversas ações efetuadas pela pasta no combate aos homicídios, como construção de novas ferramentas tecnológicas e ingresso de novos servidores. Além disso, destacou ampliação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, que saiu de 5 para 11 delegacias ainda em 2017. “Em paralelo às ações coordenadas pela SSPDS, estão as medidas adotadas dentro dos sistemas prisionais, que possibilitaram ainda mais o enfraquecimento das organizações criminosas”, afirmou a SSPDS.

Na estimativa de homicídios, o estudo ainda buscou contemplar os chamados homicídios “ocultos” — isso é, episódios classificados pelo MS como mortes violentas com causa indeterminada (MVCIs), mas que, na verdade, seriam homicídios.

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